Difração de Fraunhofer     

1. Difração através de uma fenda

1.1 Diagrama


1.2 Intensidade da luz no infinito

a = 2R
Em x, o desfasamento em relação a 0, δ = x sen θ = x θ   (θ  é pequeno)
φ = 2 π δ/λ   =  θ 

A amplitude das ondas difratadas no infinito é  A = A0 -R e-j φ dx  = A0 -R   cos φ dx  -  j a0 -R   sen φ dx 
o termo em sen dá 0, logo: A = A0 -R  cos (2πθ  x) dx = 2A0 sen (2πθ R)/(2πθ )

A =  2RA0 sen (π )/(π )
I = A=  a2A02 sen2 (π )/(π )2 

         I = Im sen2 )/ )2


1.3 Franjas escuras

Os zeros correspondem a sen2 ) = 0 logo, se π a θ = k π
θ = k/a

           θ = k λ/a  


2. Difração através de uma fenda circular

2.1 Diagramas


2.2 Intensidade da luz no infinito

a = 2R
Em x, o desfasamento em relação a 0,  δ = x sen θ = x θ   (θ  é pequeno)
φ = δ/λ   =  2πθ 
A amplitude Ax emitida por um elemento da superfície da fenda circular é A0 2ydx e-j φ  
y = (R2 -x2)1/2   logo: Ax = 2A0(R2 -x2)1/2 e-j φ dx

A amplitude das ondas difratadas no infinito é  A = 2A0 -R (R2 - x2)1/2 e-j φ dx  
A = 2A0 -R  (R2 - x2)1/2 cos φ dx + j 2A0 -R   (R2 - x2)1/2sen φ dx 
o termo em sen dá 0, logo: A = 2A0 -R  (R2 -x2)1/2 cos (2πθ   x) dx 
A = 4A0 0  (R2 - x2)1/2 cos (2πθ   x) dx 
Mudando de variável u = x/R, então A = 4A0R2 0  (1 - u2)1/2 cos (2π u) du 
A = 4A0R2 0  (1 - u2)1/2 cos u) du
0  (1 - u2)1/2 cos u) du  =  π/2  J1 )/ )      J1(x) é a função de Bessel

  J1(x) = x/2 S (-1)n (x/2)2n /((n+1) n!2) 

A = 2πA0R2 J1 ) / )
= Aπ2A02a4 /2   J12 )/ )2 

I = Im  J12 /λ)/ /λ)2 


2.3 Franjas escuras

Os zeros correspondem a J12 ) = 0,  o que corresponde a:

θ a/l  = 1,22 ; 2,23 ; 3,24 ; 4,24 ; 5,24 ; 6,24 ; 7,24 ; 8,25 .........


3. Poder de resolução de um instrumento de ótica

3.1 Diagrama

O primeiro zero encontra-se para θ  = 1,22 λ/a , ou seja, quando o raio que passa pelo topo da abertura faz um trajeto mais longo em 1,22 λ que o raio que passa pela parte inferior.

Na prática, o poder de resolução acaba por ser uma noção aproximada, podendo-se ter uma diferença de λ.


3.2 Critério de Rayleigh

Considera-se que dois pontos são discerníveis se as suas imagens, dilatadas pela difração devida à objetiva do instrumento ótico, são tais que o mínimo de uma é confundido com o máximo da outra.
Tem-se então:

A origina uma imagem centrada em B e A' origina uma imagem B', portanto o primeiro mínimo de difração está também em B.
Estes dois pontos, A e A ', são considerados discerníveis (critério de Rayleigh)

Se se considerar AA' = d  e  α   o ângulo a partir do qual o objetivo se vê depois do ponto A, então a diferença de movimento δ entre os dois raios extremos (a vermelho) vale:

δ = (( D/2 +d )² + L²)1/2 - (( D/2 - d )² + L²)1/2 = ( D²/4 + L² + Dd )1/2 - ( D²/4 + L² - Dd )1/2  negligenciando d²
δ = ( D²/4 + L² )1/2((1 + Dd/( D²/4 + L²))1/2 - (1 - Dd/( D²/4 + L²))1/2 = ( D²/4 + L²)1/2(1 + 0,5 Dd/( D²/4 + L² ) - 1 - 0,5 Dd/(D²/4 + L²)
δ = ( D²/4 + L²)1/2(Dd/( D²/4 + L² ) = Dd/( D²/4 + L² ) 1/2    ou     D/( D²/4 + L² )1/2 = 2d sen(α/2)

δ = 2d sen(α/2)

Logo, pelo critério de Rayleigh, os dois pontos serão discerníveis se 2d sen(α/2) = λ
                 
d = λ/(2 sen(α/2))         α não é muito grande, logo:  2sen(α/2) = sen α
                  d = λ/ senα 


3.3 Poder de resolução de um telescópio espacial

No espaço, a resolução real de um telescópio não se vê reduzida pelas turbulências, como ocorre nos telescópios terrestres de ótica não adaptativa.

θ = d /L = λ/(L senα)              α é muito pequeno, logo:  L senα = L α = D
θ = λ/(L senα) = λ/D               
θ = λ/D 


O telescópio Hubble tem um diâmetro de 2,4 m. Considerando um λ médio de 500 nm, obtém-se θ  = 2,1.10-7 rd, o que corresponde a distinguir uma cratera de 80 m de diâmetro na lua.


3.4 Poder de resolução de um microscópio

d = λ/(2 sen(α/2))
α é próximo de 60°, portanto com um microscópio não se pode distinguir um detalhe mais pequeno que λ, que está na ordem de 1µm.

Nota: Pode-se aumentar a resolução diminuindo λ, o que se pode conseguir imergindo a objetiva e a preparação num líquido com um forte índice de refração (n). Tem-se então  λ = c/(nf) = λ0 /n e d é dividido por n. É por esta razão que existem as objetivas ditas "de imersão".

 
    Traduzido e adaptado para a Casa das Ciências por Diana Barbosa e Manuel Silva Pinto em Setembro de 2011